A Comunidade Quilombola Cachoeira dos Forros mantém viva suas tradições e busca alternativas para melhorar a qualidade de vida dos moradores

Por Sandrinha Flávia – Jornalista, editora, empresária e mestra de cerimônias

As comunidades quilombolas representam espaços de resistência, autonomia, força, cultura e ancestralidade. O Brasil viveu três séculos de escravidão e os quilombos foram o refúgio para muitos ex-escravizados e seus descendentes que ainda lutam incansavelmente para garantir os seus direitos.

 A comunidade Quilombola Cachoeira dos Forros, localizada na zona rural da pequena cidade mineira de Passa Tempo, a 143 quilômetros de Belo Horizonte, é um exemplo de resistência.

Nascida e criada na comunidade Cachoeira dos Forros, Jordânia Fernanda da Silva Mariano, conhecida por Negra Jô, diretora da Federação Quilombola N`golo de Minas Gerais e conselheira na Assistência Social de Passa Tempo, é uma importante representante do povo quilombola. Ela conta que o quilombo foi formado por três casais ancestrais. “Essas terras pertenciam a um padre que doou para os casais, mas os fazendeiros feudais tinham muita raiva e não forneciam trabalho para os quilombolas. Então a gente tinha terra, mas não tinha como produzir, com isso as terras acabavam sendo trocadas por comida, porcos etc. Nossos ancestrais perderam muitas terras por necessidade”, disse.

Hoje, vivem cerca de 250 pessoas na comunidade. São 95 famílias que se orgulham de manter suas raízes respeitando a natureza e os ensinamentos dos mais velhos. A maioria dessas famílias tira o sustento das plantações e comercialização de arroz, feijão e pimenta. O artesanato também é uma fonte de renda, recentemente, as mulheres da comunidade começaram a produzir bonecas Abayomi, após participarem de uma oficina realizada no Quilombo.

Outra maneira de fomentar aquela comunidade é o turismo étnico. De acordo com Bianc Amorim, um dos colaboradores da comunidade, o projeto de esporte envolvendo arvorismo e tirolesa logo sairá do papel.

As famílias quilombolas e colaboradores não medem forças para garantir o que lhes são de direito. O projeto Minha Casa Minha Vida Rural também chegou ao quilombo contemplando a comunidade com 25 casas. Outro instrumento importante para o trabalho de plantação é o trator, doado pela fundação Banco do Brasil, além do maquinário para a montagem da padaria, uma parceria com a EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado Minas Gerais.

Atualmente, o maior desafio da comunidade é escoar os produtos plantados como explica Jordânia Mariano. “Após a colheita, temos dificuldades nas vendas. Os atravessadores são os que mais ganham. Eles querem pagar pouco e a gente vende para não ficarmos com o produto parado. Buscamos por empresas que negociem com preços que realmente valham o devido valor para que possamos produzir, escoar e garantir o nosso sustento”, finalizou.

Foto: Luiz Maia

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