Por Well Mendes – Jornalista
Sabemos que é importante ter diversidade e participação representativa e legítima para pessoas negras em todas as esferas – dos espaços do poder público às telas de cinema. Porém, se você olhar ao redor vai perceber que estamos rodeados por imagens.
A quantidade de imagens às quais somos expostas diariamente reforça a importância das narrativas imagéticas nas concepções que criamos desde pequenos.
Essas imagens tentam fazer uma construção de mundo através do registro visual, retratando em apenas um quadro a realidade do assunto que se propõem a abordar. Além disso, muitas fotografias são usadas como guias para nos ajudar a entender o passado e a resgatar a história, a memória e a tradição.
Ao fazermos um recorte sobre as imagens que são produzidas sobre pessoas negras, é necessário refletir sobre o que está sendo produzido e sobre a forma com as narrativas sobre essas pessoas são feitas.
Por muito tempo, os debates sobre representação e protagonismo se reservavam aos movimentos sociais que lutaram para reverter um histórico de representações deturpadas sobre grupos diversos. Agora, com uma abertura maior para a discussão em esferas onde a forma de representar ainda não havia sido discutida, outros debates surgem como a questão de quem pode falar sobre quem e sobre o lugar de fala nas produções artísticas.
Precisamos pensar nas realidades que criamos ao fotografar e reproduzir imagens para não cometermos o erro milenar de excluir realidades distintas de uma sociedade diversa e mal representada.
Precisamos reconstruir o imaginário popular para quebrar alguns estigmas e mover estruturas ao registrar fotografias que contem histórias emancipadoras e plurais. Precisamos fomentar o protagonismo e a participação de pessoas negras em narrativas negras.
Foto: Well Mendes