A versátil Sol Brito

Samira Reis Modelo e Jornalista

Sempre que há evento promovido pelo Casarão das Artes, certamente ela está de prontidão. Pequenina, mas de um sorriso gigante, coloca-se atenta para fotografar cada ação, gesto, detalhe. Essa é a rotina de Solange Rodrigues de Brito, a Sol, que compõe a equipe do Casarão, sendo a responsável pela fotografia. “A fotografia é um prazer que me diverte e instrui porque é um campo de investigação muito amplo. Desde muito nova, observava meu pai fotografando as cenas familiares e, depois de revelar as fotos, comentava os acontecimentos com minha mãe e tios”, conta. Ela ressalta que a curiosidade alimentou o gosto em eternizar as cenas do cotidiano. “Além disso, cada pessoa ou lugar também me motivam a detalhar algum aspecto que considero mais relevante e merece ser registrado”, acrescenta.

Esse olhar apurado também faz parte da rotina em sala de aula. Professora no ensino municipal infantil de Belo Horizonte, ela percebe as crianças cada vez mais interativas. “A meninada insere a sua voz assumindo seu direito que um profissional sensível e atento, independentemente de seu planejamento semanal, quinzenal ou mensal deve ouvir, atendendo a essa demanda primordial”, informa.

Nessa trajetória na educação, ainda é visível, segundo ela, a lentidão das escolas no debate e combate ao racismo. “A escola precisa ainda assumir sua identidade autônoma real, ou seja, perceber a comunidade na qual está inserida. Valorizar os modos de ser e estar saudáveis e culturais dos atores que compõem sua equipe institucional. Isso é feito de uma maneira muito superficial e padronizada. Alguns professores também precisam rever seus conceitos quanto às questões étnicas porque muitos adotam um comportamento indiferente e até compactuam com o preconceito”, explica. Enquanto isso, Sol vai em busca de fazer a diferença. “Tento fazer o que posso em meu trabalho para minimizar esse impacto negativo”, enfatiza

Na sala de aula, é preciso acolher a individualidade de cada aluno para construir uma educação que faça a diferença. A fotografia também segue esse caminho, pois há momentos em que a simplicidade entrega uma riqueza de detalhes para as lentes”, fala consciente de que essa riqueza ela conseguiu capturar em um de seus vários trabalhos. “Foi uma criança de gestual leve e calmo que carregava um pedaço de madeira e o girava nas mãos. Fotografar com a permissão dela me proporcionou invadir uma cena rica e empolgante com a ajuda de uma luz natural e ideal, que estava ali também, como que esperando o convite. Isso me emocionou e encantou porque a criança brincava e não se lembrou mais de mim. Cansou-se da brincadeira e foi embora, mas eu já tinha o suficiente. Sorte minha”, festeja.

Sol explica ainda que exercer a fotografia na atualidade coloca o ser humano diante dos avanços tecnológicos dessa área. As máquinas fotográficas têm se modernizado e ao lado delas estão os smartphones, cada vez mais sofisticados para atender os usuários e as redes sociais. Na visão da fotógrafa, a diferença está em quem conduz e o ser humano é primordial nesse processo.  “A tecnologia nos permite, enquanto fotógrafos, experimentar visões universalistas porque todos agora têm acesso a uma câmera básica ou de ponta em seus celulares e smatphones.

Mas, apesar de todo esse arsenal tecnológico cada dia mais expressivo, o que difere esse aparato moderno da fotografia tradicional é o olhar, a intenção, a criatividade e a poética de cada fotógrafo.  Isso a tecnologia, por mais aprimorada, não fornece porque todo ser é único, e revela isso ao apresentar seu trabalho, seja fotográfico ou de qualquer outra área. Isso é fato”, finaliza.

Foto: Dayse Brito

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