Canjerês em BH, Diamantina e na Bahia

Em junho, o Casarão das Artes iniciou a execução do Projeto Canjerê, aprovado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura.  Estão sendo promovidas várias atividades e debates com temáticas relacionadas à arte e à cultura de matriz africana. A programação contemplou a 4ª Mostra Conceição Evaristo – Uma homenagem à mulher negra, o lançamento da 16ª edição da Revista Canjerê e apresentações artísticas.

A 4ª Mostra Conceição Evaristo apresentou duas mesas de conversas. A primeira, “Reflexões sobre a escrevivência na literatura”, contou com a participação da homenageada, a escritora Conceição Evaristo, além da poeta Nívea Sabino e da escritora Constância Lima Duarte. Rosália Diogo foi a mediadora da mesa que ainda trouxe a performance de Eneida Baraúna na abertura.

A segunda mesa, “Artes que dialogam com as escrevivências”, teve a participação da atriz Carlandreia Ribeiro, do ator Evandro Nunes e da multi-instrumentista Nath Rodrigues que, além de compor a mesa, ainda realizou a performance de abertura da atividade. A mediação foi de Sandrinha Flávia.

Em alusão ao aniversário de Independência de Moçambique, o projeto ainda contou com o lançamento da 16ª edição da Revista Canjerê – atividade seguida por relatos históricos sobre o país e as músicas que destacaram a riqueza da cultura moçambicana. Participaram da conversa o educador social Cláudio João Manjate e o escritor Alex Dau, ambos moçambicanos, a escritora Madu Costa e a pesquisadora Rosália Diogo. 

A atividade Canjerê Mulher também integrou a programação do projeto no mês de julho e apresentou o show musical de Dona Jandira,  com participação de  Dona Elisa.

Para o Canjerê de novembro, a curadoria lança um olhar para artistas da música, da literatura, das artes cênicas, pensador@s e pesquisador@s de assuntos relacionados à arte e cultura negra que têm se destacado em atividades diversas na capital mineira. Nesse caso, Sergio Diaz e Carlandreia Ribeiro representam artistas que têm um pensamento crítico sobre as desigualdades raciais que ocorrem no Brasil e propõem uma intervenção que prima pela resistência e por agendas que impulsionam a valorização e o fomento das artes negras.

A nossa equipe esteve em Diamantina, entre os dias 13 e 19 de agosto, com o objetivo de acompanhar a 8ª Jornada do Patrimônio Cultural de Minas Gerais e Jornada Cultural – Patrimônio Afrodescendente daquela cidade. Destacamos a inauguração do Museu dos Escravos, no distrito de Mendanha, a visita ao Quilombo Quartel do Indaiá e a performance do ator, coreógrafo e bailarino das danças de matriz africana, Evandro Passos. Ele performou “Um Negro de Quilate”, em homenagem ao ex-escravizado em Diamantina, Izidoro. A encenação derivou de um poema do artista visual e poeta, Marcial Ávila, membro do Conselho editorial da Revista Canjerê.  O poema, que celebra a resistência, a sabedoria e a altivez de Isidoro, recebeu muita luz a partir da montagem de Evandro Passos que, ao som de atabaques, dançou e interpretou o texto de maneira contundente emocionando a todos. O mais interessante dessa apresentação foi o fato de os dois artistas terem colaborado para a visibilidade de uma história pouco conhecida na cidade, os feitos do “Escravo Isidoro”.

Foto: Rosália Diogo

Uma outra agenda que nos mobilizou neste semestre foi a ida à Bahia, “Nossa África”. Estivemos nas cidades de Santo Amaro da Purificação e Cachoeira. Em Santo Amaro, tivemos contato com o assentamento Maria Luíza, destinado aos Sem Terra. Trata-se de um Quilombo em que a maioria de pessoas pretas plantam, cultivam e vivem de maneira tradicional os hábitos de uma boa convivência com a natureza: folhas, água e terra. Mestre Ivan (capoeirista) é uma das importantes lideranças locais que, com muita sabedoria, resiste aos modos de opressão do sistema patriarcal.

Foto: Rosália Diogo

Voltamos a Diamantina em setembro para prestigiar a exposição TRUNFOS DA FÉ, de Marcial Ávila, que foi patrocinada pela Lei Aldir Blanc do Estado de Minas Gerais, cuja proposta é construir o diálogo entre as religiões de matrizes africanas e o catolicismo por meio da iconografia de seus Orixás e Santos, que permeiam tanto as discussões sobre arte quanto a perspectiva histórica.

Crédito: Giselle Oliveira

O projeto foi produzido por Josiane Hohene e montado por Ronaldo Adriano, com a curadoria do pesquisador Robson Di Brito que produziu uma investigação exclusiva sobre o tema Santos e Orixás. Durante a exposição, aconteceu uma apresentação de dança dos Orixás que contou com a participação da Mãe de Santo Dalva e do consagrado bailarino Evandro Passos. O encerramento da exposição contou com um debate entre Padre Mauro, coordenador do Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos na grande Belo Horizonte, de Robson de Brito, com a mediação da pesquisadora Leydiani Peric.

Crédito: Rosália Diogo
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