Adam Araújo: Compositor e escritor que aposta no conhecimento como ferramenta para romper barreiras

Por Roger Def

MC Belo-horizontino, artivista, jornalista, mestrando em artes, com pesquisa sobre o Hip Hop e colaborador de diversas ações pela cultura na cidade.

Novembro é o mês da Consciência Negra e também o em que se celebra o Dia Mundial do Hip Hop devido ao surgimento da Universal Zulu Nation, no dia 13 de novembro de 1973. A instituição foi criada por Áfrika Bambaataa com o objetivo de aglutinar os elementos que integravam a cultura Hip Hop e organizar o conhecimento em torno daquelas manifestações, pois conhecimento é a palavra-chave, sendo considerado o Hip Hop, inclusive, o quinto elemento dessa cultura, ao lado do MC, Break, DJ e Grafitti. A busca por conhecimento e a percepção de que ele é a ponte para acessar espaços e construir pontes é o que move Adam Araújo, ex-jogador de futebol americano, rapper e escritor. 

Adam é responsável, em BH, pelo projeto Geloteca que consiste em transformar antigas geladeiras em bibliotecas espalhadas pela cidade, incentivando o hábito da leitura. O projeto tem sua origem em Guaianases, distrito da capital São Paulo e foi criado pelo artista Todyone a partir da necessidade de dar nova finalidade à geladeira velha de um amigo, após uma mudança de endereço.

Ao ver a iniciativa pelas redes sociais, Adam percebeu a oportunidade de disseminar informação pelas periferias, ao mesmo tempo em que contribuía para o reaproveitamento das geladeiras agora transformadas em bibliotecas decoradas por grafiteiros locais. Em setembro de 2021, sete geladeiras antigas, instaladas na praça da rua General Osório, do bairro Alto Vera Cruz, da Capital Mineira, receberam cerca de 500 livros, entre obras literárias e livros técnicos, tudo a partir de doações, o que possibilitou a circulação desse material entre a população da região. A iniciativa rendeu à Adam Araújo uma indicação ao prêmio Meu Vizinho Pardini, de gentileza urbana. 

“Ter sido indicado para o prêmio, eu vejo como parte da natureza do trabalho. A gente não faz este trabalho por reconhecimento, mas é bom ser reconhecido, ver a população, as pessoas em volta, ver o trabalho acontecendo e ver que a gente faz a diferença na nossa comunidade, na nossa região”, diz Adam Araújo.

Como rapper, Adam Araújo preza por evidenciar que o conhecimento é a base e suas músicas, com letras inteligentes, enfrentam o racismo e as desigualdades. Seu álbum “Preto Rei” pontua estes valores de maneira nítida a exemplo da faixa Cacto: “me disseram que a leitura inspira, por isso é importante tipo respirar”.  Esses respiros deram origem também ao primeiro livro do rapper, o Sente-se à mesa do sistema, trabalho que reúne reflexões do artista sobre os desafios enfrentados por uma pessoa preta no Brasil.

A leitura é a base. O modelo de biblioteca como a Geloteca é a leitura disponível, não forçada, disponível na quebrada, na quadra e esse é o objetivo. A partir daí, a pessoa descobre outro universo. Isso abre e expande outras possibilidades, pois esse é o poder da leitura”, conclui Adam.

Adam Araújo – Fotos de Bruno Gomes
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