Artes Visuais > Amazônia, resistência e descobertas

Amazônia, resistência e descobertas

Fotografia da artista e fotógrafa Marcela Bonfim

Jaycelene Brasil – Acreana, Socióloga e Feminista Interseccional

O processo imigratório da fotógrafa paulista, formada em economia pela PUC-SP, Marcela Bonfim, para a Amazônia Rondoniense, em fevereiro de 2010, em busca do primeiro emprego, dialoga com muitas histórias de outras mulheres negras.

Ela conta que nunca foi de ter objetivos, mas sempre exercitou o fazer, movida por impulsos, a exemplo de quando recebeu a proposta do pai de uma amiga para trabalhar na sua financeira e no mês seguinte estava chegando numa terra desconhecida.

Não demorou muito para perceber o novo território, nas suas diversas facetas e ao longo de quatro anos captou imagens e não sabia o que fazer com elas.

Os verbos experimentar, sentir e refletir estão intrínsecos no cotidiano da artista visual, principalmente desde que pariu um de seus principais trabalhos há dois anos, a Mostra fotográfica “Amazônia Negra”, parte do projeto “(Re)” conhecendo a Amazônia Negra, povos, costumes e influências negras na floresta, tido como um instrumento de militância política das Artes visuais porque reverbera as memórias da população negra amazônica, fruto de uma pesquisa iniciada em 2012.

Marcela Imiscuiu-se no território amazônico e, por meio de imagens impressas, deu visibilidade a uma população batizada e reconhecida antes com outras identidades que não eram nomeadas como negras.

Ao mesmo tempo em que a artista avalia que se (Re) conhecer negra na Amazônia a fez uma aprendiz dela mesma, passou a caber no mundo como mulher negra, juntamente com um trabalho fotográfico extraordinário que tomou corpo, tem voz e agora brilha por todo o Brasil.

Essa postagem foi possível graças a um dos nossos parceiros:​

Editorial Revista Canjerê

Você também pode gostar

Há um corpo de 2.000 línguas da África subsaariana estudadas por Bleck em 1862 e concluiu-se que em todas elas, a palavra que designa gente é muNTU (ser humano); baNTU é o plural (seres humanos). Sabemos que as pessoas que falavam as línguas protobanto há pelo menos 3.000 anos antes da era cristã, migraram e dispersaram para a costa do Oceano Índico, para a África Central (Kongo/Angola) e o para o sul do continente. Os bantus criavam gado, conheciam a metalurgia do ferro, utilizavam embarcações que cruzavam os grandes rios da floresta equatorial, eram pescadores e agricultores que fundiram a enxada (metal).
As culturas de tradições populares têm um papel fundamental no fortalecimento dos laços coletivos, promovendo trocas que vão além do ambiente virtual. Em tempos em que as relações se tornam cada vez mais mediadas por telas e mensagens instantâneas, experiências presenciais, como as oferecidas por festas tradicionais e manifestações culturais, resgatam a vivência do encontro e o senso de comunidade. Esse contato reforça a identidade local e desperta memórias compartilhadas, valorizando a transmissão de saberes e rituais que enriquecem o vínculo social e emocional entre as pessoas.