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Cinema de gente, cinema da gente

Bela, resistente e combativa, a força do cinema negro é rota indesviável na história do cinema brasileiro. Se, por exemplo, apenas tivesse existido Alma no Olho (1973), de Zózimo Bulbul, na produção brasileira da década de 1970, nossa cinematografia já teria ficado permanentemente no auge. O melhor de tudo é que, nas diferentes décadas, há outros tantos petardos vigorosos e incontornáveis. Nos últimos anos, muitos filmes de nossa negritude têm confirmado essa excelência. Basta citar títulos como Café com Canela (2017), de Glenda Nicácio e Ary Rosa, e Um Dia com Jerusa (2021), de Viviane Ferreira.

A própria Filmes de Plástico, produtora de Contagem (MG), é a confirmação disso com vários filmes, como Temporada, de André Novais Oliveira (2020), e, agora, como esse acontecimento que é Marte Um (2022), de Gabriel Martins, candidato à vaga no Oscar pelo Brasil. 

Como se sabe, Marte Um mira sua lente para uma família preta periférica, a Família Martins, com cada integrante dela como protagonista de suas vivências, de suas dores e de seus sonhos. São corpos em cena como sujeitos da ação. E ainda que há esse protagonismo individual, há, ao mesmo tempo, o protagonismo coletivo compondo uma unidade familiar indissociável, retrato da genialidade do roteiro, da direção e da interpretação de cada um dos atores: Rejane Faria, Carlos Francisco, Cícero Lucas, Camila Damião – e também Ana Hilário. O par Rejane e Carlão, aliás, já entrou para a história como um dos casais mais inesquecíveis do nosso cinema.

Recentemente, o querido Helvécio Carlos, do jornal Estado de Minas, perguntou-me que atriz eu destacava fundamental no cinema brasileiro contemporâneo e eu citei a Grace Passô. Pedi para citar mais uma e falei da Lira Ribas. Não citei Rejane Faria, de quem, ela sempre soube, sou fã de primeira hora. Então, aproveito esse espaço para registrá-la, o que, aliás, é o espaço perfeito para isso, pois é seu lugar de direito na realeza da Canjerê.

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Editorial Revista Canjerê

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