No caos da vida, reinventar é preciso

O papo da vez é com Paulo Antunes

Por Samira Reis

O convidado da vez é mestre em Letras (Linguagem, Cultura e Discurso) e graduado em Letras, Direito e Pedagogia. Também é escritor, ator e diretor profissional. Tudo isso diz respeito a Paulo Roberto Antunes, revisor desta revista. Mineiro de Conselheiro Lafaiete, é um apaixonado pela escrita e a leitura. Foi em sua adolescência, ao lado da máquina de escrever, que tudo começou. “Fiz curso de datilografia e comecei a produzir contos. Na mesma época, era um leitor voraz e li muitas obras das literaturas brasileira, norteamericana, inglesa e sulamericana. Devorava obras teatrais, especialmente as tragédias gregas”, conta.

A partir daí, já são três livros publicados. Contos e crônicas fazem parte de “No Pulsar das Entrelinhas”. A segunda obra publicada é “Deserto Habitado”, dividida em duas partes: “Dunas”, com textos de Antunes e “Oásis”, com poemas de Maria Inês de Rezende. O terceiro livro publicado é “Aleatórias: imagem mental com sabor” e “2014: o achamento de Lisboa”, obra dual sendo o primeiro livro pensamentos esparsos sobre a vida, os homens, as inquietações humanas; e o segundo impressões sobre a cidade de Lisboa, onde esteve em 2014 durante o período da Copa do Mundo que se realizava no Brasil. A obra, além de textos, contém fotografias feitas pelo autor.

Como referência literária, Paulo elege Clarice Lispector e destaca como um dos trabalhos mais relevantes na literatura brasileira a novela “A Hora da Estrela” “Trata-se de uma obra metalinguística sobre as eternas questões da vida, o estranhamento do ser humano diante das pessoas e das coisas, a solidão, a natureza do gênero humano, as discriminações, a indiferença em relação ao outro”, diz.

A indicação vem ao encontro deste momento que o mundo atravessa, sob os efeitos de uma pandemia, causada pelo Covid-19. O vírus se alastrou pela China e rapidamente alcançou diversos países, o que resultou em milhares de mortes, fragilidade econômica, além de mudanças no comportamento da sociedade. Na tentativa de frear os efeitos do vírus e ganhar tempo na busca por vacinas e remédios, o isolamento da população se fez e faz necessário. Embora não seja fácil, pode ser a saída mais eficiente. Como tantos, Paulo Antunes tem adotado estratégias dentro do confinamento. “Estou muito voltado para a escrita, a leitura e as comunicações por meio das mídias, embora esse tipo de comunicação não me agrade tanto porque frio, ambíguo e sem gosto em quase todos os sentidos”, afirma.

Aquele clichê “nada será como antes” nunca serviu tão bem. São tempos árduos, por vezes amargo. Experimentamos a nobreza de muitos e a avareza de alguns. Pode ser uma oportunidade de traçarmos uma nova rota para nossa existência. “Talvez seja o momento de nos reinventarmos como seres humanos, analisarmos nossos erros em relação à essa sociedade doente que criamos para, com muito humanismo e racionalidade, traçarmos novos rumos para um novo mundo, mais solidário, sem desigualdades sociais, preconceitos de todos os gêneros e que leve em consideração o bem-estar social de todas as pessoas, não de apenas um diminuto grupo elitista que tem fome de poder, de posse desenfreada e de controle social.”, finaliza.

Paulo Antunes possui três livros publicados e é revisor da Revista Canjerê – Foto: Sérgio Trajano


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