Uma referência chamada Radical Tee: “ubatuke foi me chamar”

Por Roger DefMC Belo-horizontino, artivista, jornalista, mestrando em artes, com pesquisa sobre o Hip Hop e colaborador de diversas ações pela cultura na cidade.

Criado na Vila Embaúbas, Anderson Luiz de Paula, mais conhecido pela alcunha de Radical Tee, é o mais antigo MC em atividade na cena de BH e Região metropolitana com uma caminhada iniciada em 1991 quando, ao lado de amigos, criou o grupo Retrato Radical, referência do rap produzido em Minas Gerais.

O grupo foi responsável pelo 4º registro fonográfico da história do hip hop na cidade: o LP “Seja Mais Um”, produzido pelo também veterano DJ a Coisa e lançado pelo selo Black White Discos, em 1995. O trabalho executado nas rádios e bailes contribuiu para a formação de toda uma geração de rappers, inspirados no estilo e postura do grupo. 

Os artistas estavam tão à frente do seu tempo que ver o Retrato Radical nos palcos trazia a sensação de serem transportados para o Bronx tamanho o cuidado técnico, além das suas performances sempre viscerais. Só essa primeira apresentação já torna a trajetória do artista pertinente para ser abordada em tempos de reconhecimento nacional desse gênero musical, com a cidade representada em outros territórios por figuras com Djonga, Fabrício FBC e Clara Lima. 

Para além desse marco, Radical segue inventivo, desafiador e atual nas suas produções. Em carreira solo, mas como ele mesmo diz “ainda sou Retrato”, o rapper lançou em 2014 o álbum “Ideia demais, Evolução de menos”, uma homenagem aos bailes blacks que foram sua base de formação musical na adolescência e chega com um novo trabalho intitulado Ubatuke (2022), álbum com 12 faixas que celebra os seus 30 anos de carreira e reverencia a cidade, a Zona Oeste, a infância e a ancestralidade negra. A musicalidade do álbum passa pelo Boombap e os tambores dos terreiros. 

Enfim, sua música de resistência nas letras, na estética e na insistência desse MC lendário em permanecer remando contra a efemeridade e seguindo como presente, passado e futuro dessa cultura de rua que atravessa e conecta gerações é seu estilo ímpar. Participam do álbum os músicos Jefferson Gouveia, Michelle Oliveira, Neghaum, Fabão Z.O e Shabê.

Foto: Ronald Nascimento

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