Aya Acessórios mostra como vender semijoias e gerar conexões

Por Sandrinha Flávia, jornalista, locutora e apresentadora

Semijoias  únicas e atemporais desenvolvidas  com desenhos e cortes próprios, além de peças em tecidos africanos, associadas ao  couro, pedras naturais e acessórios do fundo do mar como búzios e conchas – essas são as matérias primas que ajudam a formar o conceito da AYA Acessórios, uma marca que traz em seu nome referências da cultura africana e a força ancestral de mãe e filha como sócias.

Em 2015, as criadoras da empresa,  Joana Darc Silva, 63 anos, e  Vitória de Paula Silva (mais conhecida por Vick), 28 anos, perceberem que o mercado da moda afro estava muito voltado para cabelo e roupas. Faltavam os acessórios.

Foi assim que nasceu a AYA Acessórios com o propósito de vestir as pessoas acompanhando o movimento da construção da identidade com peças que remetem à afrobrasilidade.

O nome AYA  parte de um conjunto de ideogramas chamados Adinkra, símbolos que  transmitem ideias, representam provérbios, preservam e transmitem valores do povo akan, que habitava as regiões que hoje compreendem os países de Gana e Costa do Marfim. 

O símbolo chamado AYA é representado por uma samambaia, planta antiga capaz de vingar em ambientes adversos.  Essa simbologia está relacionada à resistência,  perseverança,  desenvoltura,  autonomia  e prosperidade de recursos.

No início da empresa, Vitória fazia faculdade de química industrial, mas migrou para Gestão Pública. Já Joana é formada em Contabilidade e foi gestora de produção. Atuou como manequim por alguns anos. “Esses anos de atuação na moda significam um diferencial na  nossa forma de ver o negócio”, relataram.

Com o ateliê criado em sua própria residência, num espaço pensado especialmente para a produção das peças, as sócias se dividem entre o profissional e a vida familiar. 

Vick fica na parte de sucesso do cliente, mídias sociais, branding e logística; já Joana atua com a produção, busca de fornecedores e no setor financeiro. Quem acompanha a marca percebe o afeto e identidade de mãe e filha manifestados em vários momentos, inclusive nas peças.

Como as peças são únicas e atemporais, as coleções desenvolvidas pelas empresárias fogem de clichês como estação,  gênero ou datas específicas. Um exemplo é a coleção Crioula, pensada a partir dos formatos e significados das Jóias de Crioula, que são o marco inicial da joalheria nacional.

Nesse período de pandemia, as vendas presenciais, por meio de revendedoras e feiras, foram reduzidas. Mas para compensar, Vick e Joana intensificaram as entregas via Correios e pontos de encontros.

Novidades chegando

De acordo com as empresárias, a pandemia se tornou um  momento de aproximação com os clientes gerando  uma troca de diálogos. Surgiu, então,  a necessidade de reformular a marca e trazer a identidade e a qualidade AYA para outros produtos. E, diante disso, a partir do mês de junho, a Aya Acessórios contemplará também o conceito estético que traduz as negritudes e as experiências diaspóricas. Sigam o perfil no instagram para acompanhar as novidades @useayaoficial.

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Rosalia Diogo

Jornalista, professora, curadora do Casarão das Artes Negras, chefe de redação da Revista Canjerê, Dra em Literatura, Pós-doutora em Antropologia.

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