Comportamento > Mônica Anjos, a estilista que conquistou o Brasil produzindo moda com identidade

Mônica Anjos, a estilista que conquistou o Brasil produzindo moda com identidade

A moda como elemento de resgate da identidade, autoestima e enfrentamento a um sistema racista e excludente
Por Sandrinha Flávia, jornalista, locutora, mestra de cerimônias e editora

Foi aliando a moda às bandeiras sociais que a estilista Mônica Anjos se consagrou no mercado. Suas criações unem tecidos finos como o linho rústico, cambraia de linho, seda, Kaftas, rendas, estampas geométricas e elementos étnicos. São peças que fogem das tendências ditadas pela indústria da moda e de um padrão de beleza que não retrata a realidade.

Filha única da costureira e dona de casa Enedina Maria da Silva e do engenheiro Manoel Theodoro dos Anjos, Mônica nasceu no bairro do Rio Vermelho (BA) e se orgulha de falar da infância livre que lhe proporcionou ser a artista que é hoje. “Minha fase escolar foi maravilhosa e me traz boas recordações até o dia de hoje, uma infância livre e cheia de descobertas que muito me influenciaram no meu lado artístico”.

As influências da escolha da profissão vieram de sua mãe, seu pai e de sua irmã por parte de pai, Jaciara Oliveira (In memória). Mônica já sabia a profissão que queria seguir e o impulso surgiu após participar de atividades voltadas para as questões de gênero e raça, a convite de militantes da causa negra de Belo Horizonte – MG. O projeto levava aos estados brasileiros a moda produzida para as mulheres negras. “Depois de alguns anos participando desses eventos, vi a importância do trabalho e a necessidade que as pessoas tinham de encontrar roupas que dialogassem com as questões da estética e política social.” Foi assim que nasceu a marca Mônica Anjos que traz o slogan “Moda com identidade”.

Naquela época, Mônica não tinha noção do rumo que o negócio tomaria, mas uma coisa a surpreendeu: homens, mulheres de várias gerações abraçaram o projeto, eram pessoas que estavam em busca de identidade ao se vestirem. A estilista acredita que a moda transforma e desafia os limites entre negros e brancos.

Atualmente a estilista veste, ou já vestiu, mulheres negras e não negras anônimas e famosas como a cantora Fabiana Cozza, a empresária Zica Assis, a jornalista Tia Má, as cantoras Vanessa da Mata, Bete Carvalho, a atriz Cyria Coentro, a mestra de cerimônias Sandrinha Flávia, e tantas outras.

O reconhecimento também vem em forma de premiações, Mônica foi indicada ao Prêmio Prime 2015, entre as 10 melhores marcas de Salvador na categoria Roupas Femininas. Recebeu também, o Troféu Mama África e foi homenageada no evento Prêmio África Brasil.

Em 2017, Anjo lançou a coleção Kalunga na abertura do show de Milton Nascimento em comemoração aos 50 anos do cantor. Em 2018, a marca segue lançando coleções e produzindo os tradicionais Saraus, eventos que vem ganhado espaço no cenário cultural das grandes capitais brasileiras como Bahia, Rio e São Paulo.

Essa postagem foi possível graças a um dos nossos parceiros:​

Editorial Revista Canjerê

Você também pode gostar

O Candomblé, uma prática cultural do território brasileiro possui ligações com a África por sua materialização da estética de elementos e rituais.
O Casarão das Artes Negras reverencia e rende tributos ao músico e ativista político Fela Kuti, anualmente, desde 2013. Em nosso entendimento, pessoas combativas como ele não morrem.  Houve uma lacuna nessa celebração entre 2020 e 2023, no período da pandemia que contribuiu para que essa agenda fosse interrompida.  Não obstante, em 2024 voltamos a chamar o público para saudar Fela!
Carlandréia Ribeiro é atriz, arte-educadora, escritora, curadora cultural, diretora de teatro e cinema. Sua trajetória artística é marcadamente influenciada pela atuação junto aos movimentos negros e pelos negros em movimento.