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Editorial

Neste final de 2024, ano em que se encerra a Década dos Afrodescendentes, criada pela Organização das Nações Unidas – ONU –, a equipe do Casarão das Artes Negras e da Revista Canjerê conclui a produção da 23ª edição dessa revista de “páginas pretas”. A Década foi instituída sob o lema “Povos Afrodescendentes: reconhecimento, justiça e desenvolvimento”.
Entendemos que, ao trazer como matéria de capa, a trajetória da artista Paulina Chiziane, primeira escritora africana a receber o Prêmio Camões, colaboramos com os propósitos da referida Década. Esse prêmio é o maior reconhecimento literário mundial. Chiziane é uma das 100 mulheres mais influentes do mundo, segundo a BBC de Londres e aqui estamos corroborando para o fortalecimento do seu perfil.
Isabel Casimira Gasparino, Rainha do Congo de Minas Gerais e matriarca do Reinado 13 de Maio, que fica no bairro Concórdia, considerado a nossa pequena África, é a nossa entrevistada! Por meio dela, reverenciamos toda comunidade envolvida com a Cultura Popular e Tradicional.

A atriz e produtora cultural Carlandreia Ribeiro está destacada como a Gente do Canjerê desta edição. Ela é colaboradora do Casarão das Artes desde o início da nossa constituição. Atualmente é uma das coordenadoras do projeto que vincula culturas entre o Senegal e o Brasil.

Na seção África, destacamos o ativismo do nigeriano Fela Kuti, esse que foi o ícone de referência africana para a busca da justiça e desenvolvimento do país.

A seção Negócios nos traz as nuances do afroempreendedorismo do mentor, ligado ao mercado da comunicação, Leonardo Pio. Na seção Olhar Social, o nosso foco se volta para agentes culturais que lidam com uma importante vertente da cultura popular: a Folia de Reis. Sobre o cinema, damos luz à publicação “Cinemateca Negra”, criação do pesquisador e curador de cinema Heitor Augusto. Decolonidade e as suas interfaces com a nossa visão sobre reconhecimento das culturas de matriz africana é a pauta da Seção Ensaio. Heberte Almeida e o seu disco “Fôlego” é apresentado na editoria Música.

As Notícias são muitas e muitas. Por isso, convidamos nossos leitores para acessar essa 23ª edição, ler os nossos conteúdos e abrir um diálogo conosco sobre eles.
Desde já, obrigada pela sua leitura e os convocamos para celebrar conosco, em 2025, os 10 anos da Revista Canjerê!



23ª edição

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Rosalia Diogo

Jornalista, professora, curadora do Casarão das Artes Negras, chefe de redação da Revista Canjerê, Dra em Literatura, Pós-doutora em Antropologia.

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“Acredito que um artista precisa estar presente no seu tempo”, é o que afirmou Carlandréia Ribeiro, ao citar uma de suas maiores referências, Nina Simone. Essa frase sintetiza o papel que a arte desempenha em sua vida e em sua luta por um mundo mais justo e consciente. A artista tem uma história marcada pelo teatro, pela ancestralidade e pela resistência cultural.
Há um corpo de 2.000 línguas da África subsaariana estudadas por Bleck em 1862 e concluiu-se que em todas elas, a palavra que designa gente é muNTU (ser humano); baNTU é o plural (seres humanos). Sabemos que as pessoas que falavam as línguas protobanto há pelo menos 3.000 anos antes da era cristã, migraram e dispersaram para a costa do Oceano Índico, para a África Central (Kongo/Angola) e o para o sul do continente. Os bantus criavam gado, conheciam a metalurgia do ferro, utilizavam embarcações que cruzavam os grandes rios da floresta equatorial, eram pescadores e agricultores que fundiram a enxada (metal).
A produtora mineira Filmes de Plástico lançou neste ano um curta-metragem homenageando uma de suas principais atrizes, Dona Zezé.