Comportamento > Grupo Erês: Mensageiras dos Ventos

Grupo Erês: Mensageiras dos Ventos

Por Ridalvo Felix de Araújo – Cantante, Dançante de Coco, Coordenador do coletivo Erês – Mensageiras dos Ventos, Prof. Dr. em Teoria da Literatura e Literatura Comparada

Coletivo Erês, mensageiras dos ventos é um grupo que reúne artistas negros e jovens de várias periferias de Belo Horizonte e região metropolitana. O grupo surgiu nos idos de 2018 buscando reunir jovens que resistem como negros, membros da comunidade LGBT e artistas.

Erês –Ibejis na filosofia iorubá, em África – são entidades infantis encontradas nos sistemas filosóficos e religiosos de matrizes africanas no Brasil. No nosso entendimento, os erês também são responsáveis por dinamizar a palavra que sopra alegria.

A partir de encontros realizados pelo professor doutor Ridalvo Felix de Araujo no NUPERGEPE – Núcleo de Pesquisas em Raças, Gêneros e Performances –, criado pelo pesquisador e as/os estudantes/artistas com o intuito de discutir e pesquisar questões relacionadas às raças, aos gêneros e às performances tendo como ponto de partida as artes. O Coletivo Erês nasce como uma iniciativa que reúne múltiplas linguagens(Teatro, Canto, Dança, Artes Circenses etc.).

Não podemos deixar de mencionar que, diante das encruzilhadas propiciadas pelo orixá Exu, Dono dos caminhos e da comunicação, atualmente, nos estruturamos, enquanto Coletivo Erês, sendo este a matriz que abarca o NUPERGEPE[1] e o grupo de tradição afrobrasileira[2], de matrizes Bantu-nordestina, Coquistas de Tia Toinha.

O grupo Coquistas de Tia Toinha foi criado com o intuito de homenagear Antônia Luzia Barbosa, mais conhecida como Tia Toinha, pela importância que ela teve enquanto parteira, benzedeira e cantadora de Coco dançado no Cariri cearense. Tia Toinha, mestra cantante de Coco, contribuiu para a formação do repertório das coquistas do grupo Amigas do Saber, localizado na zona rural do Crato/CE.

O objetivo principal do Coletivo, formado por 36 pessoas, majoritariamente pretas, é possibilitar a formação, conscientização e pertencimento étnico-racial, além do crescimento pessoal, aliados ao desenvolvimento cultural e artístico de cada jovem.

O reencontro entre esses jovens negros artistas com Ridalvo Felix de Araujo (cantante de Coco e dançante de tradições pretas do Brasil), Lorena Anastácio (cantante, contadora de histórias e pesquisadora das questões relacionadas aos Povos Originários brasileiros), FrancyScull, cubana e autoridade religiosa de matriz afro-cubana, além dos músicos Renan Barcellas e Claudio Emanuel(Fritas), é um evento singular que traceja vários caminhos e que vem desenhando projetos transformadores para a vida do grupo como, por exemplo, o primeiro espetáculo/show artístico Nossas Vidas em Cantos Dançados.

 Isso se justifica pelo fato de os jovens artistas já possuírem corporeidades artísticas diversas como o Circo, Dança, Teatro, Artes Plásticas e Música, áreas que têm sido a base para refletir a construção de um espetáculo notadamente afro-diaspórico que ousa na confluência de tradições de cocos dançados, cirandas e cantos de matrizes negras/mágico-religiosas de Cuba.


[1] Os encontros do NUPERGEPE, para fins de pesquisas e ações em torno das questões étnico-raciais, estão ocorrendo na sede do Coletivo Erês, localizada na Rua João Fernandes de Oliveira, nº 250, bairro Planalto.

[2] Utilizamos a forma afrobrasileiro, sem hífen, seguindo orientação da pesquisadora Yeda Pessoa de Castro, com a qual estamos de acordo. O termo refere-se a uma cultura (ou um forte segmento da cultura brasileira, considerando aqui a diversidade que o termo contempla) e não a uma articulação entre duas culturas – uma africana, outra brasileira (que não existe sem seu elemento africano).

COMPONENTES DA DANÇA E PERFORMANCES CIRCENSES:

Bia de Oyá – Bruno Marçal – Carol Anja do Mar – Douglas Santana – Emerson Maciel – Felipe Augusto – Fernanda Silva – Gi’nga Ventania – Gláucio Lestrange – Heloísa Andrade Indi Moçambicana – Isabel Carvalho – Jasmim das Flores – Jéssica Angel – Kelvin Cássio Laura Leste – Leandro de Sá – Lua dos Ventos – Rio Fulô do Kariri – Junio Cigano – Rodrigo Santos – Thaís Oliveira – Vitor das Matas – Yasmin Salim

COMPONENTES DA MÚSICA:

Aleke Íris – Fritas – Francys Scull – Iuri Moraes – Flor de Liz Lídia – Lorena Anastácio – Nathan Motta – Renan Barcelas – Suellen Ohana – Vitú de Sousa

Essa postagem foi possível graças a um dos nossos parceiros:​

Editorial Revista Canjerê

Você também pode gostar

Numa lista feita pela BBC World Histories Magazine, em 2020, o africano Amílcar Cabral foi posicionado como o segundo maior líder da Humanidade, depois do considerado o maior líder de sempre Maharaja Ranjit Singh, fundador do Império Sikh, no século XIX, mais à frente de nomes como Winston Churchill, Catarina, a Grande ou o Faraó Amenhotep III.
Peças que contam histórias inspiradas na cultura negra. Essa é a proposta da estilista Valéria Duarte, 53 anos. Sua história com a moda começou aos 16 [anos quando foi trabalhar em uma loja de tecido. Sua mãe, Helena Duarte da Silva, que trabalhava como faxineira, e sua avó, Elza Paulina de Souza, foram suas incentivadoras.