Movida pela paixão por moda afro, Carina Brito criou a Maria Rosa Butique, marca que traz história e ancestralidade

Por Por Sandrinha Flávia – Jornalista, empreendedora e apresentadora

Foi após participar de uma Feira Afro que Carina Brito, 42, se tornou empreendedora de Moda Afro. O seu olhar para a moda vem da adolescência quando adorava usar acessórios bem diferentes daqueles que as pessoas ao seu redor usavam.

As cores e estampas dos tecidos africanos sempre chamaram a sua atenção, e naquela tarde de domingo, na Feira Afro, Carina sentiu necessidade de ter um guarda-roupas com peças que valorizassem a sua ancestralidade. Foi assim que, em 2012, nasceu a Maria Rosa Butique, nome que homenageia a sua mãe. “O nome surgiu do meu desejo de fazer uma singela homenagem a uma mulher guerreira, batalhadora e zelosa que é a minha mãe, a Maria Rosa Brito”, relatou.

Nascida em Barão de Cocais (MG), desde a infância, viu sua mãe empreender   como cabeleireira e costureira para complementar o orçamento da família, ou seja, o empreendedorismo já estava presente.

No início do negócio, sua maior preocupação era como conseguir os tecidos africanos. Foi então que conheceu uma fornecedora que trazia os tecidos de Angola, pois em Belo Horizonte (MG) não encontrava com facilidade.  Com o passar dos anos, foi descobrindo outros fornecedores principalmente de São Paulo e Salvador (BA). 

O investimento inicial para o negócio, foi retirado das suas economias. Na época, algumas de suas irmãs estavam desempregadas e a ideia da loja poderia ser uma fonte de renda para a família. 

De posse dos tecidos africanos, percebeu que era hora de colocar a mão na massa. Carina se matriculou na aula de costura onde desenvolveu as primeiras peças. Logo após, abriu o espaço físico no quintal da casa da sua mãe em Barão de Cocais(MG). Suas irmãs se engajaram no projeto. Enquanto elas cuidavam da loja, Carina concilia a vida de empreendedora com seu trabalho como celetista na capital mineira.

Formada no curso técnico em Estradas pelo CEFET(MG), graduada em Engenharia Agrimensura e pós-graduada em Engenharia em Estradas com ênfase em Drenagem em Rodovias, atualmente é a única mulher a ocupar a função de supervisora de Topografia na Anglo Gold, empresa em que trabalha há 17 anos onde já entrou ocupando o cargo de Desenhista Cadista. “Conciliar as funções de topografia e moda é um desafio, mas eu acho muito prazeroso”, disse.

Além das coleções de fabricação própria, a Maria Rosa Butique também revende produtos de fornecedores afroempreendedores como livros de literatura negra, brincos, canecas temáticas e calçados. As peças de crochê são produzidas por sua irmã, Adriana Brito.

A empresa permaneceu durante oito meses no quintal da casa da sua mãe, até a empreendedora decidir levar toda mercadoria para o seu apartamento em Belo Horizonte onde começou a atender em casa, nas horas vagas. 

Com o crescimento da procura, Carina resolveu abrir um espaço no centro da cidade. “A Galeria do Ouvidor foi o lugar mais em conta que eu achei. Adoraria abrir uma loja de porta para a rua por conta da movimentação que é maior, mas estou há quase um ano na Galeria e percebi que é importante estar lá também por ser um ponto turístico da cidade. Atendemos clientes de várias cidades do Brasil e pessoas de outros países”, disse.

Para finalizar a entrevista, perguntamos qual é o seu maior sonho, e o que a torna feliz nos negócios. “A minha maior satisfação é receber os elogios das pessoas encantadas com as nossas criações, fazer amizades e encontrar pessoas na rua usando peças da loja. É uma alegria! E o meu maior sonho é ter uma loja de frente para a rua no centro de BH.  Quero comercializar mais acessórios como óculos, maquiagem, sapatos, bolsas, lembrancinhas, tudo voltado para a cultura negra”, finaliza.

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Rosalia Diogo

Jornalista, professora, curadora do Casarão das Artes Negras, chefe de redação da Revista Canjerê, Dra em Literatura, Pós-doutora em Antropologia.

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