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Por trás dos palcos: a jornada de Leonardo Pio, o mentor que potencializa palestrantes negros

Foto Ana Pendloski

Por Sandrinha Flávia Nandaka
jornalista, apresentadora e empresária

Leonardo Pio criou o programa de mentoria Comunicação e Influência na Prática para ajudar as pessoas pretas a se tornarem palestrantes e venderem uma ideia, serviço ou produto com estratégia, direcionamento e intencionalidade. (Foto Ana Pendloski)

Natural da Zona Norte de São Paulo, Leonardo Pio vem de uma infância que ele considera segura e tranquila. Filho e neto mais novo, teve uma boa educação e liberdade para viver a infância como toda criança deveria viver. As reuniões de família eram sempre muito divertidas, regadas a nhoque da avó, churrasco etc.

Filho de pais incentivadores dos estudos e da busca por conhecimento sobre as questões raciais, o palestrante faz questão de ressaltar que, aos sete anos, seu pai lhe apresentou a história de Nelson Mandela. Foi assim que surgiu o seu interesse pelas questões raciais e sociais.

Suas principais referências profissionais estão na própria família. Seu tio, Pedro, foi o primeiro negro a se formar em agronomia na USP, e seu pai fez curso técnico de eletrotécnica e trabalhou em uma grande estatal, no início como office boy, até se aposentar gerente. As referências não param por aí, na família tem pediatra, cirurgião plástico, e cirurgião dentista.

Antes de se tornar palestrante, Leonardo estudou biomedicina e trabalhou como analista de sistema júnior na Siemens. Mas a sua vontade era se tornar gerente, como explica, “Eu queria dar uma resposta para a minha família sendo gerente, como a oportunidade não surgia, acabei desenvolvendo ansiedade, pedra nos rins, crises de soluços, imunidade baixa, pele manchada e estresse. Quando não teve mais jeito, pedi demissão, mas antes conversei com a Flávia, minha esposa, que me apoiou nessa decisão”.

Uma porta se fechou, mas outras se abriram para um novo ciclo profissional: o de palestrante e mais tarde mentor. A oportunidade veio por meio de uma empresa que precisava de palestrante da área da saúde. Como estudou biomedicina, viu na proposta uma boa oportunidade. Após conhecer esse mercado, decidiu seguir nesse caminho e buscou ampliar o seu conhecimento. Estudou filosofia e comportamento inspirado em palestrantes como Mario Sergio Cortella, Leandro Karnal, Renato Noguera.

Com vasta experiência, começou a ajudar alguns amigos interessados em melhorar suas apresentações. Nascia mais um negócio: mentor de palestrantes.

A carreira como palestrante estava num momento promissor com contratos em várias cidades, mas veio a pandemia, “foi um momento de desespero, pois sem fonte de renda fixa e com dois filhos tive que dar um jeito. Foi no digital que me encontrei. Percebi que poderia palestrar online e dar mentorias. Estudei sobre o mundo digital, tráfego pago, posicionamento na internet etc. Rapidamente entendi que o meu nicho era formado por pessoas pretas com as mesmas dores que eu, e que já faziam apresentações, mas precisavam aprender como vender uma ideia ou serviço”.

O programa de mentoria tem métodos de ensino sobre posicionamento, precificação e produto, além de como ser reconhecido, requisitado e remunerado. O método acompanha os alunos por três ou seis meses com encontros quinzenais online, entrega de conteúdo, parte técnica, tira dúvidas e presença de convidados que ampliam a visão de mundo dos seus alunos.

Leonardo finaliza com dicas para quem quer se tornar palestrante: “Primeiro você precisa entender que já tem um conteúdo, não importa se você adquiriu de maneira formal ou com experiências empíricas. Depois, organiza esse conteúdo dentro de um produto que pode ser palestra, e-book ou até mesmo uma roda de conversa. Treina bastante e entrega esse conteúdo de maneira relevante e original. Entenda quem é o público que irá te contratar ou te seguir e monetiza”.

O palestrante ressalta que tanto nas palestras quanto nas mentorias a sua preocupação é fazer valer o investimento das pessoas, pois a entrega gera indicação ou contratação.
@palestra_leonardopio

23ª edição

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Rosalia Diogo

Jornalista, professora, curadora do Casarão das Artes Negras, chefe de redação da Revista Canjerê, Dra em Literatura, Pós-doutora em Antropologia.

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