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Territórios pretos na agenda comportamento dos Belo-Horizontinos

Crédito Kelma Zenaide

Rosália Diogo
Jornalista, pesquisadora, chefe de redação da Revista Canjerê

Estamos percebendo a movimentação do público que usufrui de arte e das diversas culturas em BH à busca de espaços gastronômicos em que a culinária ou a comida ancestral de origem africana está sendo produzida. Estamos também buscando esses espaços.

Um desses lugares é o Território Kitutu de Aquilombamento. Espaço afro-gastronômico conceitual, decorado com obras permanentes de artistas negros como Massuelen Cristina de Sabará, Leandro Beca e obras à venda de Sathan Mavambo e do artista branco, com espírito de negro, Marcial Ávila.

O local é gerido pela Mestra Kelma Zenaide, remanescente do Kilombo de Pinhões. Cozinheira preta, lésbica, umbandista, sommelier de cerveja, palestrante, arte-educadora, graduada em Letras com especialização em literatura africana e afro-brasileira e especialista em buffet para todos os tipos de eventos. Possui uma minibiblioteca com literatura preta de encher os olhos, radiola, acervo de disco de vinil e Cds de artistas negr@s.

Lá você encontra um cardápio enxuto e diferenciado com pratos autorais como o Xamego (cuscuz, torresmo de barriga, quiabo, salada de feijão fradinho, ovo e banana da terra frita, Denguinho (Filé de peixe grelhado com gergelim negro, moqueca de banana da terra, acaçá, farofa de dendê e salada de feijão fradinho). O destaque das entradas fica com Benedito que consiste em um pedaço de carne de lata, um “taco” de queijo quente e cachaça com mel, uma experiência que a mestra Kelma Zenaide vai lhe ensinar a degustar.

Você não pode deixar de experimentar Cambinda, o drink da casa, feito de gengibre, cravo, canela, limão, cachaça e gelo e o delicioso mate limão com mel.
Veja: https://www.instagram.com/kitutugastronomiafrobrasileira/.
O outro espaço de afeto gastronômico que estamos curtindo é o Restaurante NuCentral Comidaria.

É um projeto gastronômico inovador, idealizado pelo Chef Elian Duarte, que desafia as convenções tradicionais da culinária. Muitas vezes, os pratos clássicos se tornam excludentes, limitando a verdadeira essência da cozinha. Segundo Elian, “No NuCentral, rompemos com essas normas e celebramos a diversidade das práticas culinárias, promovendo um rico diálogo entre o “clássico” e o novo sustentável”.
O espaço oferece almoços irresistíveis que homenageiam as receitas das nossas avós, valorizando a simplicidade e o acolhimento que a comida proporciona. Nossos pratos, enquanto reverenciam a tradição, são elaborados com técnicas modernas e ingredientes que refletem as vivências e a pesquisa que permeiam o espaço.

O NuCentral destaca o encontro vibrante entre as tradições culinárias de Minas Gerais e da Bahia. Essa fusão proporciona uma experiência única em que os sabores da cozinha mineira se entrelaçam com as influências baianas, criando pratos que são uma verdadeira celebração da nossa herança cultural. Cada refeição é uma viagem sensorial que nos conecta com nossas raízes, ao mesmo tempo que abre espaço para novas interpretações.

Em um mundo frequentemente marcado pelo eurocentrismo, é fácil perder de vista a riqueza de nossas origens e a diversidade de sabores que elas oferecem. No NuCentral, celebramos essa herança revisitando pratos que sempre estiveram presentes em nossas mesas e imaginamos novas possibilidades a partir deles. Veja: https://www.instagram.com/nucentralbh/
Pessoas, bora nos comportar deliciosamente nesses espaços. São muito acolhedores!

23ª edição

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Rosalia Diogo

Jornalista, professora, curadora do Casarão das Artes Negras, chefe de redação da Revista Canjerê, Dra em Literatura, Pós-doutora em Antropologia.

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